Fome

 Nos cantos gelados da solidão,

Há um prato servido sem sabor,

Fria é a comida, insossa a sensação,

Na mesa vazia, ecoa a dor.


Mastiga-se o tempo, morno e lento,

Engole-se o silêncio, seco e cru,

Cada garfada, um desalento,

Cada mordida, um vazio nu.


A solidão tempera o prato,

Com especiarias de ausência e pesar,

E o coração, solitário e ingrato,

Digerindo lembranças sem par.


No frio da alma, o paladar se perde,

E a *fome da companhia* persiste,

Mas no prato insosso, a esperança cede,

E a saudade, em cada garfada, insiste.


Mas mesmo na ceia da solidão,

Há espaço para um fio de luz,

Pois o amanhã traz nova refeição,

E quem sabe, um sabor que reluz.

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